sexta-feira, 29 de março de 2013

Machucada.


Não conseguia prestar atenção em nada ao meu redor. E não era porque corria. Creio que eu havia perdido a consciência, e quando a recuperei percebi que estava no chão. 
Desejei ficar ali, deitada, olhando o céu ensolarado. O dia estava lindo, na concepção geral. Mas o máximo que consegui pensar foi em "legal". Não vi graça no calor, nas cores, e nas risadas. Nem mesmo nos pássaros... E ah, como eu amava pássaros!
A verdade é que eu não sentia, simples assim. Só gostaria de ficar ali eternamente, fingindo que não existo, fingindo que sou um "nada".
Assustei-me ao ver um homem se aproximando, parecia um velho amigo. Lembro que ofereceu sua mão, e apenas me apoiei para sentar; então, ele se abaixou e posicionou-se ao meu lado. 
Observamos o vento por alguns instantes. Não o vento em si, mas as coisas que ele carrega. Imagine tudo o que é levado, sentimentos, memórias, experiências. É de se admirar tanta força.
E então, por um momento, o rosto conhecido direcionou seus olhos aos meus, e perguntou:
- Você se machucou? Precisa de algum remédio? - Percebi que ele olhava para meu joelho, que aparentemente sangrava.
- Não sei... 
- Está doendo alguma parte de seu corpo?
- Sim.
- O que? - Pensei se responderia ou não... Controlei as lágrimas, respirei fundo e respondi:
- Meu coração. 

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