sexta-feira, 29 de março de 2013

Machucada.


Não conseguia prestar atenção em nada ao meu redor. E não era porque corria. Creio que eu havia perdido a consciência, e quando a recuperei percebi que estava no chão. 
Desejei ficar ali, deitada, olhando o céu ensolarado. O dia estava lindo, na concepção geral. Mas o máximo que consegui pensar foi em "legal". Não vi graça no calor, nas cores, e nas risadas. Nem mesmo nos pássaros... E ah, como eu amava pássaros!
A verdade é que eu não sentia, simples assim. Só gostaria de ficar ali eternamente, fingindo que não existo, fingindo que sou um "nada".
Assustei-me ao ver um homem se aproximando, parecia um velho amigo. Lembro que ofereceu sua mão, e apenas me apoiei para sentar; então, ele se abaixou e posicionou-se ao meu lado. 
Observamos o vento por alguns instantes. Não o vento em si, mas as coisas que ele carrega. Imagine tudo o que é levado, sentimentos, memórias, experiências. É de se admirar tanta força.
E então, por um momento, o rosto conhecido direcionou seus olhos aos meus, e perguntou:
- Você se machucou? Precisa de algum remédio? - Percebi que ele olhava para meu joelho, que aparentemente sangrava.
- Não sei... 
- Está doendo alguma parte de seu corpo?
- Sim.
- O que? - Pensei se responderia ou não... Controlei as lágrimas, respirei fundo e respondi:
- Meu coração. 

segunda-feira, 25 de março de 2013


É fácil olhar de fora, apontar os defeitos e rir de quem está dentro. Difícil é criar coragem, entrar de cabeça e largar o egoísmo. É simples julgar o erro do outro. Complicado é ser o réu. Irônico é cair na própria armadilha. Hipocrisia é matar o assassino. Mas terrível mesmo, é saber que o covarde, o egoísta, o culpado e o hipócrita, conseguem dormir tranquilamente. 

Hector, o (in)feliz


Era uma vez um menino chamado Hector.
Hector cresceu com a ideia de que era feliz.
Mas será que de fato 
Ele era feliz?

Hector ia à escola, ao futebol e à aula de violão.
Tinha comida em casa, e muito conforto.
O que lhe faltava mesmo,
Era tempo.

Mas Hector era feliz.
Ou, deveria ser feliz.
Só o que Hector sabia,
Era que ninguém poderia ser o juiz

Hector sempre seguia o mesmo caminho,
Objetivo e rápido.
Não ouvia a senhora da esquina dar bom dia,
E nunca percebera Marina, a menina do olhar exuberante.

Certo dia, Hector descobriu que era infeliz.
Todo o patrimônio de sua família fora perdido.
E ele não tinha comida nem conforto,
Muito menos uma casa

E então conheceu Marina, uma menina curiosa.
E começou a trabalhar para Vera, uma senhora bondosa.
E passou a andar com mais calma,
E perceber cada detalhe

Era uma vez um homem chamado Hector.
Hector descobriu que não era feliz.
Mas então por quê, ele não se sentia infeliz?

terça-feira, 19 de março de 2013

Correndo contra quem você é - ou foi.

O que mais tenho notado em meu cotidiano, são pessoas exaustas. Cansadas da correria, estressadas por assumirem tantos compromissos, ou pior, deprimidas por terem enjoado da monotonia de suas rotinas.
São poucos os que acordam de bom humor. Raros, os que persistem na luz dentro de uma caverna escura. Até porquê, aparentemente, é mais fácil aceitar as leis, do que trabalhar com elas. Ninguém quer a paz interior, todos buscam "a tal felicidade". O grande problema é a definição que algumas pessoas têm sobre o que é ser feliz. 
Cada ser humano é naturalmente único, porém está difícil encontrar algum para comprovar o fato. Pois no temor de não ter um futuro melhor, as pessoas não pensam, e apenas aceitam o que seus "superiores" dizem. Falta fé e vontade de pesquisa. Por isso, muitos acreditam que felicidade é sinônimo de riqueza material, e que para encontrá-la, é necessário ir além dos próprios limites.
Admito que eu gostaria de entender a mente humana; Mesmo que a ciência tente, nunca iremos compreender ou ter certeza de certas coisas. Vejam, todos almejam a realização profissional, esgotam suas energias para obter o sucesso. - Afinal, o adulto trabalhador, um dia foi a criança que desejava ver o mundo; e por este motivo, segue sua profissão. O engraçado é que mesmo após alcançarem seus objetivos, eles não param... Querem mais, muito mais.
Sempre que vou à lugares públicos, escolho algumas pessoas para observar: A moça distraída; O senhor concentrado, mas com o olhar distante; A mãe atrapalhada com seus inúmeros filhos; O homem de negócios, com pressa e tão óbvio. Que tipo de criança será que foram? Elas se orgulhariam de quem eles são hoje? Talvez sim, talvez não. Só espero que um dia, aquele adulto trabalhador, lembre do pequeno sonhador que queria ver o mundo... E quem sabe após tal reflexão, passe a viver mais e se preocupar menos

domingo, 17 de março de 2013

Sem título, pois não há história.

Tenho o péssimo hábito de transformar cada capítulo de minha vida em uma história. Não estou falando que é errado transformar, o errado é achar que sou a protagonista.  
Já escrevi tantas vezes aqui, sobre a "nossa história", "minha história", "meu primeiro amor", sem perceber o quão estúpida fui ao viver esta utopia. Após muita reflexão, percebi que foram poucas as vezes das quais realmente tive destaque no enredo. A verdade é que eu não passei de uma mera coadjuvante, ou em alguns casos, uma figurante. Aceitar certas coisas é tão doloroso quanto ser a protagonista que sofre.
...
Eu só gostaria, por um momento, sentir o que é ter uma história de verdade. Viver uma aventura real, um romance real, com um ser humano real; Não ser a pessoa que chegou depois, a intrusa.
E o pior de tudo, é saber que o erro está em mim, e não nos outros. Talvez eu esteja destinada a algum tipo de maldição, ou ainda não é 'minha hora'. Mas é esta a questão: Quando será? Estou cansada de esperar, muito cansada.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Céu azul


Tomava meu café da manhã quando o jornal anunciou a morte de Alexandre Magno Abrão, o Chorão. Ao ouvir a notícia, soltei um grito leve e admito que fiquei chateada. Sempre sonhei em ir em um show do Charlie Brown Jr., e iria fazer o possível para ir neste ano; porém, hoje sei que isso não acontecerá mais.
Mas não estou aqui para falar disso, e sim, para expressar minha indignação com o ser humano. Pois, o que mais tenho visto nas redes sociais, de fãs ou não, são pessoas reclamando "Agora todo mundo é fã do Chorão." Porra, o cara foi um poeta, um ídolo.  Ao invés de vocês, que se nomeiam os "verdadeiros fãs", ficarem criticando e apontando que todos são "poser's", deveriam apenas expressar sua tristeza pela morte de um grande músico brasileiro. Mas não, insensíveis, vocês só querem ganhar "atenção" em cima de uma perda. 
Não interessa se a pessoa é fã há dez anos ou há um dia. Todos sabiam quem era o Chorão, e alguma vez na vida, usufruíram de sua poesia para encontrar um caminho. Fãs ou não, ninguém deve opinar sobre o luto dos outros. Vamos apenas demonstrar nosso respeito ao músico, e desejar que - finalmente - ele tenha chegado em seus dias de glória.

Seguindo em frente com fé e atenção
Continuo na missão continuo por você e por mim
Porque quando a casa cai
Não dá pra fraquejar, quem é guerreiro tá ligado
Que guerreiro é assim
(Senhor do Tempo - Charlie Brown Jr.)