segunda-feira, 13 de setembro de 2010

cap. 23 - Lágrima Vermelha

A vida é um jogo. Posso lhes dizer que é um jogo de xadrez. É você contra o futuro, contra o destino. Nunca sabe qual será a próxima jogada de seu adversário. Por um momento, tudo pode estar indo bem pra você, e de repente, parece que é o fim. Passei minha vida inteira neste jogo, sem saber quando ele chegaria ao fim. Quando pensava que estava tudo bem, que finalmente havia alcançado a felicidade, os problemas voltavam e com ele a desgraça. E ver minha irmã caída aqui, com minhas mãos sobre seu corpo gritando por ajuda, enquanto as lágrimas mais sinceras de minha vida escorriam sobre minhas faces, acreditei ter perdido.
Os traficantes fugiram, tiraram a vida de uma mulher inocente, apenas para uma dívida ser paga. Minha consciência foge de mim mesmo, meu único desejo é acabar com a vida de cada um daqueles homens. E após isso, matar-me para ficar junto de minha irmã. A dor é inexplicável, é apenas dor.
E por um momento, as ruas não estão mais vazias... Parada sobre um poste de luz, vejo Caitlin. Grito seu nome, peço ajuda, e ela nada faz. Apenas me observa.
– Caitlin, me ajude, precisamos salvar Mary!
– Não... – Sem entender, chorando, suplicando, pergunto:
– O que está havendo?
– Você, sua família, minha família... É isso que está havendo. O mal rodeia vocês, não vê? Em sua vida inteira, desde o momento em que nasceu, ele estava sobre seu corpo. Mas nós não poderíamos deixar que um dia o destino levasse você a perto de nossos iguais, deveríamos dar um fim nisso.
– O que está querendo dizer?
– É isso que entendeu amorzinho! Tentamos matá-lo desde o momento que nasceu, mas não conseguíamos entender porque você e sua irmãzinha de lixo se safavam. Então descobri que vocês tinham dois protetores: Kate e Hudgins... Ah, aqueles dois não tinham jeito mesmo! Então os matei... E aí mandaram eu me aproximar, descobrir o que conseguia sobre sua vida. Mas agora com esse filho, não posso deixar que você atrapalhe mais nada, isso merece um fim!
Naquele momento pensei que tudo o que havia acontecido, a carta, os pais biológicos, o medalhão... Estava muito confuso. Em minha vida inteira, vivi sobre mentiras... Minha irmã estava morta, e minha namorada era a pessoa que causou todas as mortes das pessoas que amei. O que nós éramos? Não conseguia entender.
De repente ela avançou pra cima de mim, empurrou-me e me fez bater contra um muro. Jogado no chão, unindo forças para lutar, tentando ser forte, comecei a lembrar de todos aqueles que foram especiais minha vida... Kate, Hudgins, David, Sophie, Joanna, Alberto, Vovô, Vovó... Mary! O ódio de ver minha irmã morta dominou-me e pulei para cima de Caitlin, o amor de minha vida. Arranquei a faca de suas mãos e a enfiei em seu coração. Naquele sangue que jorrava de seu peito, vi o mais lindo e eterno amor, morrendo lentamente.
É como se minha vida tivesse terminado, as pessoas que amei, todas mortas. Sozinho, novamente. Enquanto estava em cima de Caitlin, seguranças chegaram, e escutei um barulho. O tiro dessa vez havia sido em mim.
Rastejando em direção ao corpo de minha irmã, meu único desejo era morrer ao lado daquela em que minha vida inteira acompanhou-me. Foi ali no fim, que eu aprendi realmente o significado da vida. Enquanto meu sangue escorria, encontrei as respostas que precisava, as pessoas que amava. Talvez minha ex-namorada doentia tivesse razão, o mal poderia estar ao meu redor, talvez minha morte salvasse alguém. Isso eu nunca iria descobrir.
A única coisa que posso lhes afirmar, é que muitas vezes em nossa vida, pensamos conhecer as pessoas em nossa volta. Apontamos seus defeitos, qualidades, e acreditamos assim ter o poder de julgá-las, de dizer como são. Nunca saberei se as pessoas que passaram por minha vida, foram salvação ou derrota. Só sei que é por conta destes julgamentos, que cada vez mais nos espantamos com o ser humano.
Tudo ficou escuro, havia perdido muito sangue, e então adormeci eternamente.
luiza delamare, 10-06-2010
(ultimo cap. do livro feito por minha turma

Um comentário:

Anônimo disse...

ameeeeeeeei o texto