quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

7 de abril de 1996; 23 horas e 55 minutos.

O sangue era incontrolável. Vindo de meu peito, escorria por todo meu corpo. Minha visão já estava fraca, e a consciência adormecia aos poucos. Minha única certeza era que eu precisava chegar ao hospital, antes que fosse tarde. 
Aproximava-se da meia-noite, o dia iria terminar, e o prazo também. Este corpo humano, tão frágil, atrapalhava minha missão. Não entendo, após 37 anos eu já deveria estar acostumado. 
Passei pelos seguranças despercebido, mesmo fraco, meus poderes ainda funcionavam. Olhei em volta, a procura da sala de parto. 23:58, não era possível. Como eu pude permitir que uma Praga me enganasse? Eu falhei. Não fui forte o suficiente, deixei que os instintos, desejos e tentações humanas tomassem o controle. 
Desesperado, busquei ajuda, mas só encontrei um silêncio profundo. Eu Os perdi também. 
Minha esperança despertou, quando a voz de um bebê escutei. Não haveria como confundir aquela melodia... Eles pareciam anjos - quando nasciam. O que tornava a missão muito mais difícil. 
Eram 23:59. No ímpeto, esqueci a dor e o sangue, e corri depressa, como nunca havia corrido em toda a minha vida - humana -. Eles não poderiam mais me ver, mas eu os via. Percebi que não fui o único a tentar, mas esse era o meu destino. 
E então, um erro cometi. Encontrei meus olhos aos olhos daquela criança, onde vi pureza e inocência. Onde senti algo, que meu corpo humano não reconhecia. Me avisaram que seria assim, que eu deveria só ter feito, sem exitar. Mas ali estava meu passaporte para o fim... Eu perdi. Fui vencido por um olhar. E a única coisa que consegui fazer, foi adormecer todos naquela sala, e levá-la comigo.

3 comentários:

Anônimo disse...

Emocionante Luiza! Suas palavras são tão doces que faz as pessoas acordarem para um mundo real!

lucas bastos disse...

Lindo,lindo, lu n tinha nda pra fazer e vim ler fiquei emocionado kk bjooos,

Jandri disse...

que lindooo luuu (: adorei