quinta-feira, 12 de junho de 2014

Já perdi muitas coisas.

Já perdi muitas coisas. Perdê-las muitas vezes me trouxe alívio, outras, desespero. Acabei vivendo momentos na escuridão, terríveis, árduos. Sobrevivi, talvez venci, mas sempre que a luz enfraquece, os sentimentos retornam, assombrando meus piores pesadelos.
Mesmo com tempestade pós tempestade, eu nunca aprendia. Seguia o mesmo vento, entregava-me aos redemoinhos, caía do penhasco. Alguma coisa dentro de mim suplicava por ajuda, e ao mesmo tempo, a temia. Pois maior era o medo do que havia lá fora. Afinal, é mais fácil acomodar-se na terra que já tens conhecimento, do que aventurar-se em reinos desconhecidos, não é? Por mais que viver nesta terra significasse ser escravo. Escravo da própria dor; escravo de outro - cruel - alguém; escravo do desespero mais profundo, que habitava o coração. Escravo de si mesmo. E foi tentando me escravizar, que acabei me perdendo.
Já perdi a cabeça, muitas vezes. Já machuquei a mim mesma, milhares de vezes. Já perdi a esperança, também. Mas nada fora pior do que perder a mim mesma. E foi assim, finalmente, que eu compreendi: quando tudo estiver escuro, diante da solidão só terei a mim, e apenas isso me dará forças para acender a luz.

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