segunda-feira, 15 de março de 2010

aconteceu em um ônibus comum.

Olhares atentos a paisagem ao meu lado. Ao mesmo tempo, cuido cada pessoa dentro do ônibus. Noto faces preocupadas, outras ansiosas, talvez alguém as esteja esperando. Escuto conversas... Mas há uma em si, que me chama atenção. Acho que passei a viagem inteira prestando atenção naquele homem, naquela mulher, e naquela irritante criança que ficava brincando com meu cabelo.
Antes mesmo de o ônibus sair de Porto Alegre, os dois já conversavam. Haviam se conhecido ali, naquele momento, mas algo sentiram um pelo outro, certamente. Logo, ele sentou na potrona ao lado dela, e a conversa aconteceu. Ela, contando de sua história, teve filho quando adolescente, e hoje, pagava o preço por isso. Ele, escutava, e tentava inventar uma história para parecer interessante. A química na conversa entre os dois foi direta. Dormi por um momento, mas quando acordei, um susto levei. As coisas em comum que haviam entre os dois, eram incríveis. Porém, talvez ela tenha se precipitado. 
Não havia olhado ainda o rosto da mulher, mas a ouvi falando no telefone com a sua mãe, chegando a avisar que levaria o homem de hospede em sua casa. O homem, de Camaquã, não pararia em seu destino junto a mim e muitos, e seguiria viagem com ela para um lugar distante. Imaginei o rosto dos dois, felizes, confusos, ansiosos.
Porém, quando a Camaquã cheguei, olhei o rosto da suposta mulher. Nem a chamaria assim, uma criança. Sofreu problemas quando jovem, e agora infelizmente, como mesma disse, paga por eles. 
Seu rosto carente, precisando de alguém para lhe ajudar. Acreditava ela, que aquele homem seria este alguém. Ele por sua vez, com seu rosto malicioso, e certamente desejando sexo, com aquela inocente mulher. 
Gostaria um dia de saber que fim vai levar este caso, pena que isso foge de meu controle. Caso eles não se vejam mais, quem sabe algum dia se encontrem novamente naquele ônibus, nas ultimas poltronas. E vejam, que talvez um futuro melhor suas vidas ganhe. Ela, encontre seu alguém, que a compreenda. Ele, que se cure do vício da droga que seu rosto aparentava, e consiga mudar. E a pequena criança, que ajude sua mãe a crescer. Pois só ela pode salvá-la.

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