segunda-feira, 19 de março de 2012

A obra de uma vida.

Me lembro de quando eu era criança: Meus pais, preocupados, escondiam de mim o que achavam "forte" demais para que minha maturidade mental suportasse. Eles queriam me proteger, mas não sei se isso fora o certo.
Dizem, que a verdade dói. Mas a mentira, dói o dobro. Pois, enquanto a verdade é clara e óbvia, a mentira começa silenciosa, até revelar-se, quando já é tarde... Exemplo disso, a típica história da criança adotiva, que é enganada por anos... O choque é tão grande quando tudo é revelado, que laços fraternais infelizmente se partem.
Antigamente, eu era mais ingênua do que agora, e não sabia que "probleminhas" da infância iriam acompanhar-me até hoje, camuflados por anomalias pessoais. Eu não sabia que poderia brincar de "ser os pais mentindo para os filhos". Eu, menti pra mim, para me proteger de uma verdade que eu já sabia. Confuso não é? Sou adolescente, seria anormal se fosse fácil.
É como uma obra de um prédio. As pessoas querem que eu me reerga milagrosamente, jogue todos os tijolos de uma vez só, e pronto! Mas, assim fica feio, desorganizado, e é fácil de desabar. Só, que eu segui o conselho delas, fiz como mandaram, e agora sofro procurando meus bens no meio de ruínas.
Eu deveria mentir menos pra mim. Aceitar quem eu sou, o que quero, e quem eu quero comigo. Não ter medo; não querer um prédio pronto, mas trabalhar para que cada tijolo posto, valha a pena. É, eu falo, falo, engano que faço, mas no final, a verdade sempre aparece.
Quantos prédios serão necessários desabar para que eu aprenda? Quantos tijolos mal colocados? Quantas vidas perdidas? Dúvidas frequentes em um coração perdido. Minha única certeza é que há esperança. E ela fará com que sempre haja um restinho de cimento e tijolos. Que com paciência e amor, poderão multiplicar-se. Para quem sabe assim, não montarmos todos juntos, um novo World Trade Center.

Nenhum comentário: